sábado, 14 de maio de 2011

Reinaldo Azevedo sabe contar?

Deve saber, mas não entendo a progressão que Reinaldo Azevedo fez no texto dele sobre o protesto do "gente diferenciada".

Começa com: "Falharam os esforços da Folha, do Estadão e da CBN. Não mais do que 50 ou 60 pessoas — e estou sendo generoso — se reuniram em frente ao Shopping Higienópolis para “protestar” contra a população do bairro que supostamente rejeita o metrô."

Aí segue: "No auge do protesto, não havia mais do que 150 pessoas por ali, a maioria, era visível, formada por curiosos e por freqüentadores do shopping que foram ver o que estava acontecendo."

Mais pra frente: "O movimento deve ter atingido 1% dos signatários do Facebook — umas 500 pessoas — só quando o estado franqueou o espaço público aos manifestantes."

Então eram não mais do que 60, não mais do que 150 ou eram 500 pessoas? Como podem ter vindo 500 se o auge foi com 150?

Por que inicialmente escreveu "protestar" entre aspas? Não era mesmo um protesto?

RA ainda registra: "Uma dona lá, falando em nome do povo, ostentava um cartaz que anunciava: “Só ando de Metrô em Nova York, Londres e Paris.” Um movimento, como se vê, de raiz inequivocamente popular." 1) Ele não entendeu a piada? 2) Mesmo que ela estivesse falando a sério, como uma pessoa em meio a, sei lá, 60, 150, 500, caracteriza todos os protestantes? (Isso porque RA escreveu logo antes: "Há tempos não leio um daqueles seus textos em que o incauto, coitado!, estimulado pela interlocutora, expõe os seus demônios e é tomado como símbolo de uma coletividade." - ele mesmo toma uma pessoa como símbolo da coletividade.) 3) Mesmo que caracterizasse, qual o problema? Não são apenas os pobres que podem pedir metrô. Tanto melhor se os ricos também aceitarem esse meio de transporte.

E depois de dizer que não era movimento popular, mas de pessoas ricas escreve: "O preconceito contra os ricos, que derivou para a pregação anti-semita, havia assumido, finalmente, a sua face petralha". Então para o RA era um movimento de pessoas ricas exibindo preconceito contra os ricos? Estou confuso.

Aliás, preconceito contra rico é um absurdo pro RA, mas lá vai no blogue dele: "Outros tantos tinham aquele 'shape' de consumidores recreativos — como diria o deputado Paulo Teixeira, do PT — de substâncias ilícita." Julgar as pessoas pela aparência ('shape') é o quê? Não é preconceito? Contra pobre tudo bem? Feio é pobre criticar o ricaço por, egoisticamente, não quererem metrô no bairro?

Também não sei de onde ele tirou isso de "pregação anti-semita" (do comentário do Danilo Gentili - que não tinha nada a ver com o churrasco - talvez?).

Não sei se eu participaria mesmo se estivesse em sampa, mas foi uma coisa muito legal, ainda mais que pelos relatos foi totalmente pacífico e sem ocorrências policiais ou médicas.

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