domingo, 19 de fevereiro de 2012

Provocações (futebolísticas) e preconceitos

Já toquei no assunto antes. Mas volto ao tema. Reproduzo um diálogo que tive no twitter:
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DB: Residência de técnico Leão é assaltada; bandidos fogem... http://uol.com/bycpwr // A velha rivalidade Tricolor X Corinthians!
Eu: Freguesia, não rivalidade.
DB: Deu mole = vocês roubam, dentro e fora do campo. Que coisa!
Eu: Dar é com o 5PFW mesmo.
DB: Não tenho nenhum problema com relação a isso. Nunca fui homofóbico. Você é?
Eu: Eu sou emofóbico.
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Como dito antes, sim, sou homofóbico, não, não me orgulho disso. De todo modo, isso não tem a ver com homofobia. Tem a ver com preconceito? Sim. Há alguma manifestação de preconceito. Mas não é uma manifestação que pretenda ser ofensiva, mas galhofeira.

Uma das fontes do humor é a da antítese ou contradição: como a recorrente piada de elefante com medo de um camundongo em desenhos animados; outra é do exagero: como os traços extremados de uma caricatura.

As provocações do futebol são invariavelmente de natureza preconceituosa. Ou não há um preconceito social embutido em se chamar corintianos de bandidos? O que fica subentendido é que todo corintiano é pobre e todo pobre é bandido. E, claro, que ser bandido é algo ruim. Mas o que opera aí é o humor por contradição: não é nem de longe verdade que todo corintiano seja bandido (nem que todo bandido seja corintiano). E também o humor por exagero: muitos corintianos são, de fato, pessoas com condições socioeconômicas mais baixas (mas a proporção de corintianos não varia entre as diferentes classes sociais).

Todo preconceito deve ser varrido do mapa? Talvez. O pensamento *real* de que ser guei é ruim ou o pensamento *real* de que ser pobre é o mesmo que ser bandido deve ter sua manifestação condenada. A brincadeira com essas ideias, uma falsa manifestação desse tipo de pensamento também deve ser censurada? Eu, por enquanto, tendo a achar que isso seria um exagero.

A minha visão é de que boa parte da graça de se torcer por um time de futebol é galhofar com os adversários. Provocar e ser provocado. E, disse acima, todas as provocações futebolísticas envolvem algum preconceito: sofredor, freguês, maricas, ladrão, sujo, pobre... Entre as regras não escritas nesse jogo fora das quatro linhas está: se você quer poder provocar alguém, tem que aceitar ser provocado (bem, agora está escrita).

2 comentários:

André R.D.Baptista disse...

Roberto, seguem imagens onde aparecem os corint... ops, assaltantes. Pra mim o mais difícil nisso tudo é engolir a identificação do Leão, eterno goleiro do palmeiras, com o SPFC.

none disse...

Pô, Roviralta,

O cara saiu de cuecas no outdoor. Que coisa mais tricoflor do que isso?

[]s,

Roberto Takata