segunda-feira, 24 de junho de 2013

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 6 #ProtestaBR

Cartaz: Corrupção: Crime Hediondo

Não serei eu a defender corruptos - corrompidos e corruptores (ei, cadê cartazes sobre corruptores?). A verdade é que ninguém sabe quanto realmente se perde em função da corrupção. Os valores variam de acordo com a fonte.

A Fiesp calcula como algo em torno de 50,8 bi a 84,5 bi BRL/ano (agora um tanto mais porque foram valores calculados com base no PIB de 2010). [1] A Unafisco calcula entre 100 bi a 200 bi BRL/ano (para 2006). [2] Dinheiro pra dedéu.

Políticos merecem chibatas por isso, né? Hmmm. Mas e os cidadãos? 23% acham que dar dinheiro para o guarda não aplicar multa não é corrupção. Ok, 66% acham que é. [3, 4]

Mas, enfim, corrupção é o problema número 1 do país, né? 77% dos brasileiros consideram a corrupção muito grave [5]. Claro, com esse valor todo perdido pelo país, só pode. E... Alto lá!

"Brasil deixa de arrecadar R$ 415 bilhões ao ano por sonegação"
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,brasil-deixa-de-arrecadar-r-415-bilhoes-ao-ano-por-sonegacao,155559,0.htm
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Se corrupção deve ser crime hediondo, o que dizer da sonegação? Sabe quando você deixa de pedir ou emitir nota fiscal? Aquela nota fiscal em que você faz questão de ter os valores discriminados dos impostos [6]? Sabe aqueles malabarismos contábeis que se pede que os contadores façam para incluir sua sogra como dependente? Só 49% dos brasileiros discordam da frase: "Algumas coisas podem ser um pouco erradas mas não corruptas, como por exemplo sonegar algum imposto, quando ele é caro demais." [5]

Será que é por isso que não temos nenhum cartaz: "Abaixo a sonegação! Paguem seus impostos corretamente!"?

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[1] http://migre.me/f9Tu5
[2] http://migre.me/f9WE5

[3] http://migre.me/f9TNZ
[4] http://migre.me/f9Vj4
[5] http://migre.me/f9UVA
[6] http://migre.me/f9U8a

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 5 #ProtestaBR

Gigante Recém-desperto e já Engajado
na  Milenar Luta pela Saúde no Brasil
"Enfia os 20 centavos no SUS"


Antes de adentramos na análise desta importante proposta de financiamento do combalido Sistema Único de Saúde, que, todos sabemos, é um fiasco completo e faz mais mal do que bem à saúde dos brasileiros - sobretudo os mais pobres*, gostaria de trazer alguns dados sobre a avaliação do SUS pelos próprios usuários.


Just a food for thought.



Segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) 2011 do Ipea [1]:
Entre os que usaram serviços do SUS nos últimos 12 meses
30,4% acham que é bom ou muito bom
27,6% acham que é ruim ou muito ruim

Entre os que *não* usaram o SUS:
19,2% acham que é bom ou muito bom
34,3% acham que é ruim ou muito ruim
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Resultado similar ao obtido pela Pesquisa de Satisfação dos Usuários do SUS, do Min. Saúde 2011 [2]:
Entre os que usaram o SUS nos últimos 12 meses:
15,02% acham que é muito ruim
13,62% acham que é ruim
34,04% acham que é regular
28,79% acham que é bom
7,37% acham que é muito bom

Entre os que *não* usaram o SUS:
26,64% acham que é muito ruim
18,38% acham que é ruim
29,73% acham que é regular
21,12% acham que é bom
4,13% acham que é muito bom
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Vamos considerar o seguinte. Em São Paulo, são 14 milhões de embarques por dia, para uma população de 11,32 milhões de pessoas. Projetamos isso para uma população de 196,7 milhões de brasileiros. Seriam 243,3 milhões de embarques por dia. 58,4 bilhões de embarques por ano. Uma injeção de 11,7 bilhões de BRL/ano no sistema SUS. Não seria nada mau.

Problema, lembram que havia a CPMF/IPMF? Um imposto provisório sobre movimentação financeira criticado por ser permanente durante 10 anos? Uma alíquota de 0,38% que significava - para quem movimentava 1 mil reais no banco - 3,8 BRL/mês. Ou, 19 BRL/mês pra quem movimentava 5 mil reais.

Os 20 centavos no SUS correspondem a uma média de 5,0 BRL/mês para cada brasileiro. O que inclui bebês, pobres e miseráveis na conta. Considerando-se apenas a população adulta com renda superior a 1,5 salário mínimo, seriam 15,6 BRL/mês.

Eu apoio integralmente um imposto médio de 40 centavos diários para cada brasileiro para ser injetado no SUS. Naturalmente, os mais pobres seriam isentos, com equivalente aumento do valor pago pelos que têm mais condições. Mas...

Eu não citei a CPMF à toa. Por anos foi o cavalo de batalha da classemédiasofre. Choravam as pitangas de como sangravam suas economias - sério, 19 reais por mês (pra quem paga R$ 100 só pra uma ida ao cinema: entre ingressos, lanche e estacionamento; R$ 800 por mês em salão de beleza, néam, Época? [3]) é um golpe tão terrível em nossas burras, né, não? A CPMF era destinada ao custeio exatamente da saúde pública (e da previdência social e do combate à pobreza).

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[1] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1302201115.htm - (*Por favor, *leia* esse texto do Gaspari.)
[2] http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_da_pesquisa_de_satisfacao.pdf
[3] http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2013/06/o-arrocho-da-classe-media.html

sábado, 22 de junho de 2013

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 4 #ProtestaBR

"Nem de esquerda, nem de direita. Sou pra frente." É uma frase espirituosa e coadunada com a insatisfação geral com as realizações de nossa classe política. Mas ela, na verdade, demonstra o grau de analfabetismo político.

Não se preocupe, você que passou dormindo até hoje, não teria mesmo muito como se alfabetizar.

No campo político, se você não está nem à esquerda, nem à direita, está necessariamente no centro. Há uma gradação mais ou menos suave da extrema esquerda à extrema direita, mas não é possível estar fora dessa linha.

Se você valoriza a ordem social, leis rigorosas contra toda forma de crimes, o individualismo ('selfmade man'), a estrita meritocracia (tende a ver programas sociais como assistencialismo e politicagem); entende a família como aquela formada por pai, mãe e filhos e é o núcleo social que deve ser valorizado e protegido; defende o liberalismo econômico (o mercado é autorregulado e funcional mal sob intervenção do estado); acha que no Brasil se paga impostos demais... você provavelmente é de direita. E não há mal nenhum nisso.

Se você valoriza a justiça social; acha que as leis e o sistema prisional devem procurar recuperar o indivíduo mais do que apenas puni-lo; defende o cooperativismo e o associativismo (a construção coletiva de valores sociais), que os mais fracos economicamente, os excluídos sociais devem ser protegidos e incluídos; entende a família como simplesmente um grupo de pessoas com afinidades emotivas entre si (pode ser formado por pai ou mãe solteiros, por dois pais ou duas mães, por várias combinações alternativas e até mesmo por pessoas solteiras com seus amigos) e que o mercado precisa ser mais regulado pelos governos para que os ganhos econômicos sejam mais bem distribuídos, inclusive por meio de impostos e tributos progressivos... você provavelmente é de esquerda. E não há mal nenhum nisso.

Se você valoriza algumas coisas da direita e outras da esquerda e, principalmente, de um modo menos intenso, provavelmente é centrista. E, também, não há mal nenhum nisso.

Há uma certa tendência de conservadores (outro modo basicamente de se denominar os que são da direita) terem uma visão mais preto no branco. Em ter uma maior rejeição a incertezas.

No caso dos liberais ou progressistas (outro modo de se denominar os da esquerda - não confundir com liberais econômicos como neoliberais - o liberalismo da esquerda é de natureza social; também não confundir com o fato de haver no Brasil um partido denominado Progressista, mas que é de direita - o que tem o Maluf como uma das principais figuras), a visão tende a ser um pouco mais matizada (o que não quer dizer que não haja aqueles mais dicotômicos entre os da esquerda). Os liberais tendem a conviver um pouco melhor com incertezas.

Não são, bom ter em mente, pacotes fechados. Para certas questões, sua visão pode ser mais à direita e para outros, mais à esquerda. A denominação depende mais de sua visão geral. De qual sua tendência em analisar as questões. Prefere a ordem, com estrita cadeia de comando? Prefere uma solução mais dialogada, construída em relações mais horizontalizadas sem tanta hierarquia?

A confusão da história de que "não existe mais direita e esquerda", em parte, passa pela crise da política representativa, com partidos historicamente de um lado, deixando de lado certos valores. Mas isso não quer dizer que a direita deixou de ser a direita e a esquerda deixou de ser a esquerda. Quer dizer um partido foi mais para o centro ou mais para a direita (ou mais para a esquerda).

"Se eu sou muito de direita, eu sou da extrema direita?" Não exatamente. Ser "muito de direita" pode significar apenas que está bem posicionado no espectro da direita, sem tendência a se mover para a esquerda (análise similar vale para quem está na esquerda).

O problema (gravíssimo) com a *extrema* direita é que ela agrega o totalitarismo (o poder central suprimindo as liberdades individuais) e elementos de ódio racial, étnico, contra minorias e de xenofobia (calcado em um nacionalismo extremado). Ódio aos gays, aos índios, aos imigrantes (especialmente os de países pobres).

Muitos de *extrema* esquerda também defendem um totalitarismo (com um Estado defendendo valores de esquerda - muitos e não todos, porque há os que defendem o fim do Estado), todos defendem uma revolução armada (não é o mesmo que luta armada) com a prisão e até execução dos membros da classe atualmente no poder (especialmente os de matiz de direita). Aqui também há problemas gravíssimos.

Enfim, seja onde você se posicione no espectro, não faz sentido dizer que não se posiciona em nenhum ponto. O importante é conhecer as diferentes ideologias e saber quais os valores que você defende. É um útil exercício de autoconhecimento. Ajuda a colocar suas ideias no lugar e, assim, a trabalhar de modo mais produtivo para as mudanças que deseja trazer à sociedade.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 3 #ProtestaBR

"Menos Copa. Mais escola!", "Enquanto a bola rola, no Brasil falta escola!" dizem muitos cartazes nos protestos pós-Noite de Santo Antônio. Mais escolas é o que pedem também vários manifestantes digitais nas mídias sociais.

Muito legal. Parabéns pela preocupação com a educação. Mas... Mas?

Sabia que *noventa e oito* porcento das crianças entre 7 e 14 anos estão matriculadas ns escolas [1]? Desde a implementação do programa "Toda Criança na Escola", ainda nos governos FHC, tem sido mantido um nível não menor do que 95%.

Entre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de matrícula é de 84%. Nos últimos 7 anos, essa proporção tem oscilado em torno dessa média [2]. É preciso aumentar, mas o fator limitante não é falta de escolas. Para essa faixa etária, a questão da evasão é o desinteresse [3].

Crianças de 4 a 6 anos estão matriculadas nas escolas a uma taxa de 80% [1, 4]. Nessa faixa, sim, há falta de escolas. Especialmente porque a educação infantil é uma atribuição fundamentalmente dos municípios - e muitos mal conseguem se manter. Mas programas federais têm ajudado a expandir o número de vagas. O ritmo atual tem sido de redução de 2% por ano, mas o governo federal tem planos de acelerar e ter mais de 98% matriculadas até 2016 [4].

A faixa em pior condição são crianças até 3 anos. Somente 20% encontram vagas [1] e o governo federal espera expandir para 50% até 2016 [4]. Então o problema é menos de escolas do que de creches - ainda mais necessárias com a implementação da Lei das Domésticas (duplamente, para as domésticas e para as patroas).

Sim, o nível atual da educação é bem longe do satisfatório. Bem ruim, na verdade. Porém, ele tem melhorado [5, 6]. Há uma certa estagnação no ensino médio nos últimos 4 anos - em boa medida com o problema da evasão.

Proposta do governo federal de destinar 100% dos royalties do pré-sal à educação está em tramitação. A emenda de meta de investimento de 10% do PIB em educação foi adicionada na Câmara. [7]

Então, obrigado por se juntar à luta por uma educação básica melhor e espero que esse dados o ajudem a direcionar melhor as cobranças na área.

Referências:
[1] http://migre.me/f7N7n
[2] http://migre.me/f7N8R
[3] http://migre.me/f7Ngn
[4] http://migre.me/f7NFW
[5] http://migre.me/f7ObW
[6] http://migre.me/f7OfT
[7] http://migre.me/f7OnO

Dicão: Saquear escolas *não* ajuda a melhorar o ensino no país.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 2 #ProtestaBR

"Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

§ 3º - Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa."
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

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Veja também: aquiaqui e aqui. (Eu apenas não vejo tanto problemas no apartidarismo da maioria. Minha preocupação é com os vândalos. São proporcionalmente pequenos, mas em números absolutos são suficientes grandes para criar uma desordem grave - como a tentativa de se incendiar o MRE - o suficiente para a declaração do estado de defesa.)

Upideite(21/jun/2013): Aviso necessário, não estou defendendo a declaração do Estado de Defesa. É um instrumento muito amargo. É apenas um lembrete aos manifestantes mais exaltados e aos vândalos de para onde podem estar nos levando.

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 1 #ProtestaBR

Fonte: Wikimedia Commons
O Palácio dos Arcos não apita NADA em política interna. É a sede do Ministério das Relações Exteriores. Ele não determina política econômica, não apita sobre PECs, não libera recursos para a Copa do Mundo, para escolas ou hospitais.

O Itamaraty assessora a Presidência da República em questões referentes a, como o nome do ministério diz, relações com países estrangeiros e órgãos internacionais. O ministro, embaixadores e diplomatas representam o país e negociam acordos internacionais e informam o Executivo a respeito de fatos e políticas dos demais países.

Então depredá-lo é um ato de vandalismo sem sentido.

domingo, 16 de junho de 2013

PM = Pró-memória #ProtestaBR

"E agora em SP Haddad tem que embalar o mostro que o PT criou, porque este MPL é um MST, eles vem pra barbarizar mesmo, e não tem nada de protesto pacifico, como tivemos nos movimentos cara pintadas, nas diretas já...", diz um comentarista de internet.

"Quem é da época do Diretas Já e do Impeachment do Collor (caras-pintadas) sabe o que é manifestação pacífica. E não me venham com chorumela.", diz uma amiga minha.

"Imagine se o Collor de Mello mandasse a polícia descer o pau nos caras pintadas!", outro comentarista de internet.




Embora, os protestos do Fora Collor promovidos pelos estudantes em 1992 tenham sido marcados por alegria, descontração, bom-humor, teve seus momentos tensos. Resgato duas notícias publicadas na Folha de São Paulo sobre os eventos (creio que ela seja insuspeita, pois era totalmente oposicionista ao então presidente desde a invasão da redação do jornal pela PF, creditada pelo jornal a ação vingativa de Collor).



sexta-feira, 14 de junho de 2013

PM = Pega na Mentira #ProtestaSP

Sob um certo aspecto, pior do que a violência física dos golpes de cassetetes, dos tiros de bala de borracha, do efeito das bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta é a violência da carice de pau das "explicações" para a truculência policial e outros atos comprometedores. Abaixo uma pequena coleção.

*Cena presenciada pelo iG contraria versão da PM para início de confronto
"Polícia alegou que manifestantes descumpriram acordo ao entrarem na rua da Consolação, mas negociação mostra coronel pedindo que manifestantes ficassem na avenida"

"É o risco da profissão", diz comandante da PM sobre jornalistas feridos durante manifestação em SP

Vinagre pode virar bomba, diz comandante de operação contra protesto em SP
"De acordo com o responsável pela ação, o tenente-coronel Ben-Hur Junqueira, o vinagre representa uma série de riscos em grandes aglomerações de pessoas. Ele chegou a dizer que a substância pode dar origem a uma bomba, embora não tenha dado mais detalhes de como chegou a essa conclusão."

Após golpear carro da corporação em protesto em SP, PM diz que tirava estilhaços
"'Já temos a apuração. Ele não estava quebrando. Na verdade ele estava tirando os estilhaços de um vidro já quebrado durante a manifestação. Isso já está esclarecido', disse Grella."

Bala que atingiu repórter da 'Folha' foi disparada para o chão, diz PM

Balanço oficial da PM aponta só policiais feridos em protesto

Ah, a deliciosa sensação de ser chamado na caradura de estúpido...

Reitero, no entanto, que o problema não são *os* PMs, mas *a* PM e seu modo de agir e se justificar.

*Upideite(16/jun/2013): adido a esta data.

DENÚNCIA: PM DETÉM AÇÃO TERRORISTA

MELIANTE vinculado a revista SUBVERSIVA foi detido por valorosos agentes do excelso órgão mantenedor da ORDEM PÚBLICA, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, portando, sem os necessários registros e autorização legais exigidos para produtos CONTROLADOS pelo exército, solução de ÁCIDO metanocarboxílico, também denominado de ÁCIDO etanóico, em monóxido de diidrogênio.

A perigosa substância, obtida da OXIDAÇÃO de METILCARBINOL (uma potente DROGA PSICOATIVA), é utilizada na fabricação de EXPLOSIVOS e PESTICIDAS. Em contato com a pele, mucosas, olhos e vias aéreas, o ÁCIDO metanocarboxílico pode causar: IRRITAÇÃO ocular, dérmica, nasal, laríngica; QUEIMADURAS nos olhos e pele; sensibilização da pele; EROSÃO dentária; escurecimento dérmico, hiperceratose; CONJUNTIVITE, lacrimação; EDEMA faríngeo e BRONQUITE crônica. Pode INFLAMAR se exposto a temperaturas acima de 39oC e EXPLODIR em mistura com o ar a 5,6%.
(http://migre.me/f0MsV)

Somente na Federação Russa, todos os anos, 16.000 pessoas são vítimas de acidentes com o composto. Sendo alta a taxa de mortalidade por INTOXICAÇÃO: 3.360 MORTES anuais.
(http://migre.me/f0MHi)

Claramente, portanto, trata-se de um esquema TERRORISTA, devendo o FACÍNORA ser enquadrado na LEI DE SEGURANÇA NACIONAL.
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http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2013-06-13/jornalista-e-preso-por-porte-de-vinagre-durante-protesto-no-centro-de-sp.html

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Uma grande marca de São Paulo #ProtestaSP



Upideite(13/jun/2013): "Quem acompanhou a manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus ao longo dos dois quilômetros que vão do Teatro Municipal à esquina da Consolação com a rua Maria Antônia pode assegurar: os distúrbios desta quinta-feira começaram às 19h10m, pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns vinte homens da tropa de choque, com suas fardas cinzentas, que, a olho nu, chegaram com esse propósito." Elio Gaspari. A PM começou a batalha na Maria Antônia.

Upideite(13/jun/2013): Mais marcas de São Paulo, essa do dia 11/jun/2013.

Upideite(16/jun/2013): Muito mais marcas aqui.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Governo Dilma perdeu o rumo

Não, não é a economia, Mr. Carville!

É o social, estúpido!

Os pibinhos incomodam. É preciso ficar atento à inflação. Sim, o Bolsa Família vai bem, obrigado. Elogie-se, com restrições, o Brasil Carinhoso. A instalação da Comissão da Verdade foi importante.

Mas os sinais são claríssimos do afastamento do governo Dilma daquilo que historicamente marcou o PT: a conexão com os movimentos sociais.

A condução desastrosa da questão indígena, que resultou na morte de um ser humano terena. A Funai está em processo de ser descaracterizada. E cereja do bolo: devido à identificação de um falso índio, a PF irá promover uma devassa em RG de indígenas. Muito que bem, falsificação ideológica é crime e deve, sim, ser combatida. Mas, por que a PF, sob comando do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, não fala em devassar títulos de propriedades se também temos sabidamente títulos falsos? E a devassa na PF para verificar se o tiro que matou Oziel Gabriel partiu de uma arma de um policial federal, cadê?

Agora, o mesmo Ministro da Justiça disse que os protestos de São Paulo e Rio de Janeiro contra o aumento das tarifas de transporte coletivo seriam analisadas pela PF. O que a PF tem a ver com caso? A própria nota do MJ reconhece que os casos de vandalismo são da alçada estadual. O Excelentíssimo Senhor Ministro Cardozo suspeita que o Movimento Passe Livre seja um grupo terrorista?

Eu sou crítico aos atos de vandalismo de destruição de propriedades públicas e privadas ocorridas durante os protestos. Afinal, o que o coitado do jornaleiro tem a ver com os aumentos das tarifas para ter sua banca destruída? Critico também a ação truculenta da polícia, sobretudo nos momentos em que parte para o ataque sem haver provocação prévia e quando atinge inocentes. Mas... o que a PF tem a ver com isso?

E o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, não apenas retirou de circulação campanha de proteção da saúde voltada às prostitutas após grita de setores conservadores religiosos, como demitiu Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST, Aids e hepatites virais, responsável pela campanha.

Anteriormente, em 2011, também cedendo à pressão de conservadores religiosos, o MEC, então sob responsabilidade de Fernando Haddad, atual prefeito da capital paulista, cancelou a distribuição de kits de campanha contra a homofobia nas escolas.

O PT, como partido, deu uma bola fora total ao deixar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal nas mãos de um conservador religioso.

E a presidenta Dilma Rousseff tem deixado isso rolar de boa. Para que elegemos um governo de esquerda, se suas ações são de um conservadorismo tacanho?

É bom que Rousseff retome o rumo rapidinho, deixando de ficar refém da agenda dos conservadores religiosos.

sábado, 8 de junho de 2013

Autocrosspost: Tem um blog ou site? Participe da Pesquisa "Visão do Brasileiro sobre Ciência, Sociedade e Tecnologia"!

Se você administra um blogue ou sítio web de *qualquer* tema: científico ou não (pode ser de moda, esporte, literatura, religião, comportamento, ativismo social, gastronomia, turismo, economia, etc, etc, etc.), pode ajudar a divulgar a Pesquisa "Visão do Brasileiro sobre Ciência, Sociedade e Tecnologia".

Pode ser um link, ou pode incorporar o formulário em uma postagem ou página copiando e colando o código html abaixo:

Edite os valores de largura (width) e altura (height) para melhor se ajustar à sua postagem ou página.

Se quiser, podemos combinar um código que os visitantes de seu blogue ou sítio web devem fornecer no campo correspondente no formulário, e forneço os dados consolidados referentes a seu público. Por exemplo, o blogue X participante tem o código "blogue123", todas as respostas com esse código são contabilizadas à parte e o resultado é informado confidencial e exclusivamente ao dono/administrador do blogue X (nenhuma informação que identifique respostas individuais, no entanto, será repassada). Os dados com o código "blogue123" são incorporados na análise geral, mas, em nenhuma hipótese, haverá divulgação em separado dos resultados para o blogue X (este direito cabe exclusivamente ao dono/administrador do blogue X).

Blogues e sítios web participantes também concorrerão a um brinde surpresa (em sorteio à parte).

Para combinar o código, envie um email para: genereporter@gmail.com.

Obs: Postagem original no Gene Repórter.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Abortando uma discussão: Os homens são mesmo o "inimigo" das pró-escolha?

Com a aprovação pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal dos Deputados do PL 478/2007, o "Estatuto de Nascituro" ou "Bolsa Estupro"*, uma nova leva de protestos - legítimos - e uma discussão sobre o aborto e os direitos da mulher.

Sobre as bisonhices do projeto escrevi aqui.

Sobre os erros de muitos dos argumentos pró e contra o aborto, escrevi aqui.

Feministas (ao menos uma parte) continuam errando o alvo, achando que a maioria dos que são contrários ao aborto são homens.
Por feministas, não se entenda apenas mulheres:
Pela pesquisa Ibope de 2003 sobre o tema:

  • 8% das mulheres apoiavam uma flexibilização da lei permitindo o aborto em mais casos do que os previstos; entre os homens, eram 12%.
  • 51% das mulheres disseram que a lei deveria continuar como está; 55% dos homens disseram o mesmo.
  • 33% das mulheres achavam que o aborto não deveria ser permitido em nenhum caso; 31% dos homens tinham a mesma opinião.


Pelo Datafolha de 2008:

  • 12% das mulheres responderam que o aborto deveria ser permitido em qualquer caso; 10% dos homens responderam igual.
  • 13% das mulheres apoiavam que o aborto fosse permitido em mais casos; 16% dos homens tinham a mesma opinião.
  • 68% das mulheres achavam que a lei deveria continuar como está; 68% dos homens pensavam do mesmo modo.

Já na pesquisa Ibope de 2011:

  • 11% das mulheres são a favor de se permitir o aborto em caso de faltas de condições econômicas; 17% dos homens pensam o mesmo.
  • 9% das mulheres são a favor no caso de falha de anticoncepcional; 13% dos homens acham isso também.
  • 48% das mulheres são a favor no caso de estupro; 50% dos homens também são favoráveis.
  • 63% das mulheres apoiam o aborto no caso de feto com defeito grave; 67% dos homens pensam isso.
  • 56% das mulheres querem apoiam o aborto em caso de risco de vida da gestante; 62% dos homens apoiam igualmente.

Não há diferenças significativas entre homens e mulheres no que se refere à opinião sobre o aborto - na verdade, mais homens do que mulheres tendem a apoiar a permissão do aborto de modo geral. Mas a situação é que as mulheres que pretendem ampliação dos casos em que o aborto seja legalmente permitido *precisam* convencer os homens - somos maioria nas posições decisórias, no legislativo, no executivo e no judiciário. Se esperam que os homens sairão do caminho apenas com palavras de ordem do tipo "só quem tem útero pode opinar", tenderão a fracassar. Ainda mais se não conseguem convencer um número equivalente ou até ligeiramente maior de "seres com útero" (estou incluindo aqui, claro, mulheres que por razões médicas tiveram que se submeter à histerectomia, já que o sentido não é literal) de sua posição.

Upideite(07/jun/2013): Disclêimer: o de praxe, sou machista, mas não me orgulho disso.

Upideite(07/jun/2013): Parecer da Comissão de Bioética e Biodireito da OAB-RJ. via @prisciencia.


*Upideite(07/jun/2013): Concordo com os que reclamam da expressão "Bolsa Estupro". O uso depreciativo como "bolsa xis" faz parte do discurso conservador de desmerecimento de toda forma de investimento social. Por outro lado, pode ser uma estratégia de adequação da linguagem ao público-alvo: a tentativa de dissuasão do apoio ao PL 478/07 é voltada justamente ao público conservador. Mas como os demais elementos do discurso destoam: para boa parte dos conservadores, quando falam "direitos reprodutivos", "direito ao corpo", "empoderamento feminino", "opressão machista", eles escutam "blablablá".

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sobrou pro índio... de novo

O jornalista Claudio Angelo, em seu blog Curupira, disse em outubro do ano passado: "Está em curso no Brasil um revival do sentimento mais primordial da nossa nacionalidade: o ódio ao índio."

Só não sei se é mesmo um revival, a impressão que tenho é de que nunca houve um esmorecimento.

O que, a mim, parece ser uma certa novidade é um *governo* declaradamente de matiz *esquerdista*, na prática, atuar contra os direitos dos índios.

Não apenas nos grandes projetos nacionais como as usinas de Belo Monte e outras que avançam sobre reservas indígenas. (Considero que são projetos importantes e defensáveis, no entanto, houve e há atropelo no processo de sua implantação.) Mas agora em processo de desocupação e reintegração de posse com ação da *Polícia Federal* resultou na morte de um índia terena - Osiel Gabriel. Os índios ocupam a fazenda Buriti, que ocupa área dentro da região de 17 mil hectares que, por levantamento da Funai de 2001, deveria fazer parte da reserva terena em Mato Grosso do Sul.

E, mais, *ministra* da Casa-Civil, a senhora Gleisi Hoffmann, discursa em sentido de enfraquecer o órgão da União responsável pela questão indígena, incluindo o *Ministério da Agricultura* noa demarcação de reservas. A Casa Civil é o braço direito da presidência e, com a presidenta calada, a inferência é que há, no mínimo, anuência tácita de Rousseff. O mesmo processo de enfraquecimento do Ibama na questão ambiental durante os governos Lula é enfrentado agora pela Funai. Sempre com o fortalecimento dos interesses ruralistas.

Não é que os ruralistas sejam inerentemente malvados. Representam interesses legítimos de produtores rurais (não de todo, principalmente da parcela dos *grandes* produtores - levando a reboque os médios e pequenos). Mas não é possível se atropelar interesses difusos e fundamentais como o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas - de quem usurpamos as terras ao longo do processo formativo brasileiro e de quem continuamos a roubar as áreas de sustento e identidade cultural, mesmo as já demarcadas na década de 1990 - em nome de interesses econômicos (dos ruralistas) e políticos (do governo federal em contar com apoio dos ruralistas).

Se a morte de Gabriel foi mesmo provocada por tiro de um policial federal (uma nova autópsia foi pedida), o governo Rousseff terá ainda mais contas a prestar.