sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mortalidade infantil: Folha faz confusão com números

Sabe o mote dos anos 1980 da Folha: É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade? Pois, então, a Folha acaba de cometer uma mentira dessas.

Diz a manchete: Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais

Pensará o leitor: nossa! estão morrendo mais bebês recém-nascidos!

Não. Aí está o engodo. A mortalidade infantil neonatal *caiu* em termos de mil nascimentos. Eram cerca de 20 mortes por mil nascidos em 1996 e passaram pra cerca de 15 mortes por mil nascidos vivos em 2004. (Queda de 25% em 8 anos.)

Qual é o truque? O truque é que a mortalidade infantil pós-neonatal caiu de modo mais acentuado. Foi de 14 mortes por mil em 1996 para 7,7 mortes por mil em 2004. (Queda de 45% em 8 anos.)

Assim, claro que proporcionalmente a mortalidade neonatal aumentou em relação à mortalidade infantil geral.

Certamente são ainda números altos, mas esse alarmismo não tem nenhum fundamento técnico. Seria mais sensato dizer que apesar da queda ainda estamos longe do nível civilizatório - na casa de 5 mortes por mil.

Upideite(02/ago/2010): Abaixo gráfico da evolução da mortalidade infantil.
Óbitos por mil nascidos vivos. Fonte: Datasus.

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